quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Ideias retrógradas

O Arcebispo da Paraíba, Dom Aldo di Cillo Pagotto, proibiu nesta quarta-feira que o deputado federal e padre Luiz Couto (PT-PB) exerça a função religiosa. A decisão foi tomada após uma reportagem publicada hoje no jornal "O Norte", da Paraíba, em que Couto defende abertamente o uso de camisinha.

Em entrevista ao jornal, Couto disse o uso de preservativos "é uma questão de saúde pública". O deputado, que é padre desde 1976, também tocou em questões delicadas para a Igreja Católica.

Disse que é preciso combater o preconceito e a discriminação contra homossexuais, defendeu o fim do celibato e, apesar de ser contrário ao aborto, disse que as mulheres que fazem devem receber o devido tratamento médico.

Em nota, o arcebispo da Paraíba disse que as declarações de Couto "provocam confusão entre os fiéis cristãos", além de contrariar a doutrina pregada pela Igreja Católica. Com a decisão, o padre fica impedido de celebrar missas no Estado.

A nota diz que Couto poderia voltar a exercer a função de padre caso faça uma retratação pública. O deputado federal, que está em seu segundo mandato na Câmara, celebra missas, casamentos e batizados na paróquia de São José Operário, em João Pessoa, nos fins de semana.

Fonte: Folha On Line

Quanto à questão do uso da camisinha, como se pode admitir a idéia de um padre ser punido pela Igreja Católica pelo fato do mesmo afirmar que o seu uso é importante? Gostaria mesmo de entender isso. Gostaria de ouvir argumentos satisfatórios favoráveis à idéia que a Igreja defende.

O fato é que a Igreja sacrifica um assunto de ordem pública - a saúde pública coletiva - em nome de uma moral hipotética baseada na fidelidade e no sexo monogâmico.

Acontece que um dogma religioso (assim como a lei) é estático e não acompanha a evolução da sociedade, as mudanças de comportamento. Assim, se a sociedade muda constantemente, as normas (sejam elas religiosas, sejam elas jurídicas) devem se ajustar a essa evolução incontrolável da sociedade e não o contrário, até porque tal é impossível. Não se pode controlar o agir do ser humano quando esse agir não vai de encontro a algo que é fundamental, algo que não fere o núcleo de um direito fundamental.

Ora, qual o direito fundamental humano que o uso da camisinha viola?

Muito pelo contrário, o incentivo ao uso da camisinha vai ao encontro do direito à saúde, à prevenção de doenças.

A razão para a Igreja ser contra o uso da camisinha mora numa idéia extremamente moral, mas que deve sucumbir diante da necessidade de se prevenir a sociedade de uma doença incurável e fatal que é a AIDS. Até porque o fundamento moral da Igreja católica tem um fundo evidentemente institucional se se pensar no sentido de que, em sendo o contrário, ou seja, caso a Igreja apoiasse o uso do preservativo, estaria indo de encontro a um dos seus princípios essenciais, qual seja, o de que o sexo deve existir somente após o casamento. A Igreja, então, correria o risco de acabar.

Mas, como sustentar o sexo somente após o casamento na sociedade atual?

Impossível!

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